quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A NATUREZA E OS BENEFÍCIOS DA MEDITAÇÃO






por Fernando Martins - ofernando@globo.com
O mestre tibetano Chogyam Trungpa define meditação como sendo um exercício de atenção plena e de consciência panorâmica, ou seja, na meditação você procura estar plenamente consciente e presente em cada momento vivido, sentindo corpo e ambiente onde se encontra, sem se perder nos pensamentos.

É uma prática espiritual, entendendo espiritualidade aqui como a conexão do ser humano consigo mesmo e com planos superiores que podemos chamar de Divino ou outro nome que queira. Esta prática por sua natureza, estimula a atenção e a consciência do instante presente, conseqüentemente produzindo um estado mental mais estável e tranqüilo, o que é de grande importância, principalmente nos dias atribulados de hoje.

A atenção plena não é somente aplicada em momentos de contemplação, mas também, em momentos de ação, como na dança, pintura e até mesmo lavando pratos. São formas tão válidas quanto a clássica e conhecida meditação contemplativa que vemos os monges praticando sentados, pois a essência de todas é a mesma, a atenção plena no aqui e agora.

O Chanoyu, a cerimônia do chá chinesa, por exemplo, tem a natureza de um processo meditativo por conta de toda a sua ritualística detalhista e de gestos que estimula a atenção plena e a consciência do momento presente. Um simples servir de chá transforma-se em um processo bem mais amplo, um momento de meditação. Esta é a natureza da meditação.

A primeira idéia que vem à mente quando se fala de meditação é alguém sentado de olhos fechados, pernas cruzadas, mãos apoiadas no joelho e respirando pausadamente. Esta é uma forma clássica de meditação, mas não a única.
Existem várias formas de penetrarmos neste momento de introspecção que, como já dito, leva-nos a uma atenção plena de nosso corpo e do meio ambiente apaziguando nossa mente.

Agora, temos de ter claro que a ação não é a questão (a postura sentada, de olhos fechados, etc, etc), mas sim, a qualidade desta ação, como dizia Mohan Chandra Rajneesh conhecido popularmente como Osho, que morreu em 1990.

"Para colher os frutos da meditação, não precisamos nos isolar, mas, pelo contrário, incorporar a prática meditativa ao nosso cotidiano", é o que ensina o médico Jou El Jia, presidente da Sociedade Brasileira de Meditação Médica.

Esta é a natureza da meditação, estar atento a cada momento, o que pode parecer simples, mas requer uma mudança de postura diante da vida, afinal, aprendemos que para resolver os problemas, temos que pensar neles e o resultado desta postura é que passamos horas do dia com a atenção dispersa em algo que já passou ou que irá ainda acontecer, o que gera angústia pelo que já passou e ansiedade pelo que virá. Nos diz Dalai Lama, "só existe um momento para ser vivido, o agora, pois o antes já passou e o que virá ainda não existe".

Meditar é exatamente isto, concentrar-se no presente de forma plena. Ao tomar um banho, por exemplo, fique atento ao que está fazendo, sentindo a água, a esponja pelo seu corpo. Ao lavar pratos, não se disperse, se concentre na cor da esponja, na espuma, na forma dos pratos, no som da água.
O tempo gasto no trânsito, por exemplo, pode ser aproveitado para meditar, diz Jou El Jia, "observe cada respiração e entoe um mantra. Isto trará um grande bem estar físico e emocional".
O monge budista Thich Nhat Hanh ensina uma técnica baseada na observação da respiração e das passadas. A cada inspiração conta-se o número de passos, assim como o número de passos é contado a cada expiração. Ao inspirar, veja o número de passos, foram três, então, diga mentalmente "dentro, dentro, dentro". O mesmo número de passos foi dado na expiração? Então, diga mentalmente: "fora, fora,  fora".

Meditar certamente é apaziguar coração e mente, corpo e espírito, interligar-se com o Divino. Além do que, a Ciência já pesquisa a fundo os benefícios da meditação. O psicólogo Richard Davidson da Universidade de Wisconsin em experimentação recente, comprovou de forma brilhante os efeitos da meditação no que tange a reestruturação de nossa massa cinzenta. Embora as neurociencias digam que as conexões neurais do cérebro estabeleçam-se na infancia e assim se mantêm durante toda a vida, os testes de Davidson comprovaram que a estrutura de nossa massa cinzenta pode ser alterada
através de treinamento em um processo que podemos chamar de plasticidade cerebral. Ou seja, Davidson queria provar que através de atividades puramente mentais poderia-se modificar o cérebro.

A maior atividade do córtex frontal esquerdo produz mais serenidade e cria uma maior capacidade de superar emoções negativas, ou seja, uma possibilidade maior de felicidade. Davidson reuniu um grupo de monges budistas com milhares de horas de meditação e descobriu que o córtex frontal esquerdo destes tinham uma atividade muito maior do que o grupo de pessoas que nunca havia feito meditação.

Claro que choveram críticas dos cientistas dizendo que estes monges poderiam já ter propensão a este tipo de elaboração cerebral. Foi daí que Davidson reuniu um grupo de 150 trabalhadores de uma empresa e deu a eles treinamento durante alguns meses de meditação.

De acordo com as medições do eletroencefalograma, a atividade do lobo frontal daqueles que participaram do treinamento deslocou-se da direita para a esquerda. Isto refletiu no seu bem-estar constante no relato dos participantes como diminuição de medos e um estado de espírito mais positivo. Os que não tiveram treinamento não sofreram nenhuma alteração.

fonte : http://somostodosum.ig.com.br/clube

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